Conceito Classicos


O conceito através dos tempos

Clássico deriva de "classicus", adjetivo latino que significa cidadão pertencente às classes mais elevadas de Roma

Aulo Gelio, no século 1 d.C., utilizou o termo para classificar escritores cujas qualidades e características poderiam ser consideradas como modelo ou referência literária: "Classicus scriptor, non proletarius."

No Renascimento, reaparece em textos latinos, nas línguas vernáculas, como referência a autores greco-latinos e a autores modernos da própria época, considerados modelos de linguagem literária na língua vernácula.

No século XVIII - referia-se aos cânones da retórica greco-latina: ordem - clareza - medida - equilíbrio - decoro - harmonia e bom gosto. Assim, cristaliza-se como tradição, como cânone gramatical e semântico, como relicário do idioma e como um conjunto de regras imutáveis, universais e ahistóricas.

No plano da mensagem, o que caracterizava um clássico era à sua dimensão edificante, seus componentes morais e a sua capacidade de apresentar as paixões humanas decorosamente.

O romantismo, no século XIX, vem contrapor à rigidez conservadora, libertando-se das regras e dos cânones associados à obra clássica, ampliando o seu conceito em vista de maior libertade de criação.

O Futurismo e o Dadaismo, dois movimentos da vanguarda européia do início do século XX, romperam com o classicismo de forma radical, Marinetti (idealizador do Futurismo), chegou a propor a destruição das bibliotecas, museus e tudo o que viesse representar o "peso vetusto da tradição".

Hoje em dia, clássico indica uma obra superior, definitiva, próxima de algo que se assemelhe à idéia de perfeição, agora, sem o sentido normativo do passado, uma vez que possui características absolutamente próprias.

A partir dos anos 60 conceitos mais amplos e flexíveis passam a definir o que é clássico.

“Clássico é aquele livro que uma nação ou um grupo de nações ou o longo tempo decidiram ler como se nas suas próprias páginas tudo fosse deliberado, fatal e profundo como o cosmos, capaz de infinitas interpretações. Clássico é o livro que gerações de homens, instados por diversas razões, lêem com antecipado fervor e com uma misteriosa lealdade”

Borges (1960)

“Um clássico só pode aparecer quando uma civilização, uma língua e uma literatura estiverem maduras; e deve constituir a obra de uma mente madura. [...]”

T. S. Eliot (1944)

"- Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer".

Calvino (1998)